quarta-feira, 5 de julho de 2017

[Noite nos Andes] Navio Vazio

Navio Vazio

Havio barco, não havia cais;
Havia a chuva, a chuva sim, onde ia
Certo barco ancorado no jamais,
Farol azul num mar que não havia.

Nem existiam sugestões navais,
Nem praia ou proa ou porto, uma gonia
Tão só de barco em meio a temporais;
Barco, porém, depois de pôr-se o dia.

Se alguém entrasse, a sala não mais era,
Era barco, não sala, mas galera
Com altas velas pelo vento acesas.

E alvas velas de neve sobre as mesas
Derretiam-se em torno do pavio,
Qual no vazio as velas do navio.

*  *  *

Degrazia, José Eduardo; et al. Noite nos Andes. Porto Alegre: edições URGS, 1977. 60 p.

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